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Você sabe o que é a Síndrome de Irlen?

Você sabia que existe uma síndrome que acomete entre 12% a 14% da população em geral? A síndrome de Irlen (S.I) a caracterização dessa síndrome foi feita pela psicóloga Helen Irlen a partir de um estudo prospectivo envolvendo centenas de adultos considerados analfabetos funcionais pela leitura deficiente e baixa escolaridade. Irlen nomeou sua descoberta como “Síndrome da Sensibilidade Escotópica”, fazendo alusão a preferência dos sujeitos estudados por ambientes menos iluminados para a realização das tarefas com maior exigência visual, e é considerada hereditária, ou seja, passa dos pais para os filhos e, constitui-se numa alteração visuoperceptual originada por um descompasso da aptidão de adaptação à luz, principalmente à luz branca, fluorescente e faróis.

 A síndrome de Irlen gera uma alteração no córtex visual, e o conjunto de sintomas torna-se mais evidente em situações que exijam grande demanda de atenção visual, como nas atividades escolares, acadêmicas e profissionais que envolvam a necessidade de uma alta carga de leitura por tempo maior, ou seja, para a criança se manifesta no seu período escolar sendo identificados quando a criança passa a apresentar dificuldades de aprendizagem e baixo desempenho na escola.

Entre tantas outras dificuldades, assim como desfocamento durante o processo de leitura, confusão entre números, percepção de distorções visuais em páginas brancas com texto, leitura de palavras de baixo para cima, inversão de palavras e letras, espaçamento irregular e dificuldades em se manter na linha durante o escrever, além de lentidão e baixa compreensão.

Interferindo diretamente no processo de aprendizagem, a criança encontra dificuldade em tarefas corriqueiras do ambiente escolar como copiar palavras do quadro negro para o caderno ou de um livro, fotossensibilidade, restrição do campo periférico, assim como dificuldades na adaptação a contrastes, por exemplo, figura-fundo. Ressalta ainda a dificuldade em manter a atenção visual e as dores de cabeças frequentes, falta de concentração e compreensão devido à dificuldade para enxergar.

Importante ressaltar que a S.I. pode existir simultaneamente com outras dificuldades de aprendizagem, exigindo assim a busca de uma intervenção de caráter multidisciplinar, com a ajuda de professores, pedagogos, psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos, oftalmologistas, neurologistas, entre tantos outros que contribuem para solucionar dificuldades na área da saúde e educação.

Em relação ao diagnóstico quando confirmado o indivíduo com S.I. passam primeiramente por um processo de escolha de diversas opções de cores para os filtros que serão usados, em forma de óculos ou lente de contato com a intenção de serem agentes facilitadores no desempenho e conforto visual durante a atividade de leitura. Após a definição, como o uso pode ser feito de imediato, os resultados de melhora já aparecem.

Outras ações simples indicadas por profissionais especializados, que podem muito ajudar durante o cotidiano, é um suporte para leitura com um ângulo de 30°, evitar objetos e proteções de mesa brilhantes ou de vidros, utilizar a luz natural ou, quando impossível, uma luz artificial incandescente. Toda essa preocupação torna-se necessária, logicamente, na busca por uma vida saudável, mas principalmente porque a S.I. interfere diretamente no desenvolvimento do processo de aprendizagem, gerando grandes dificuldades e essas dificuldades podem acarretar uma série de obstáculos para a convivência social.

A visão, sem sombra de dúvida, é o sentido mais importante durante o processo de aprendizagem; sua dependência é estimada em cerca de 80% até os 12 anos de idade, e os impactos dos déficits neurovisuais são muito significativos.

Portanto, diagnosticar e cuidar das manifestações geradas pela S.I. contribuirá a uma melhora, que pode ser facilmente notada, das dificuldades de aprendizagem pela atuação como agente facilitador no processamento visual das opções de intervenção, juntamente com as ações de outros profissionais como psicopedagogos, fonoaudiólogos, professores e psicólogos que buscam ajudar no processo de intervenção. E, durante esse conjunto de ações interventivas, a interdisciplinaridade é essencial. Independentemente da tarefa ou intenção proposta durante esse processo, toda questão do desenvolvimento e aprendizagem acontece aos poucos.

Todo o acompanhamento precisa constituir uma atividade que engloba uma série de outros aspectos, para além dos procedimentos padrões para a intervenção. Neste caso, os profissionais como psicólogos, psicopedagogos, médicos, entre outros, podem atuar na orientação do professor, se o indivíduo estiver em idade escolar ou acadêmica, e das pessoas que convivam diariamente com um aluno que possui a S.I.

O profissional que se dispõe a diagnosticar a síndrome, independentemente de sua área, e posteriormente durante a intervenção, precisa ser um facilitador e não motivo de dificuldade. É essencial que toda ação seja norteada por uma aproximação da realidade das crianças e jovens, ou seja, todas as atividades precisam corresponder ao dia-a-dia da criança e sua família, sua cultura, seu cotidiano, tornando aquilo que se está ensinando em algo que realmente terá utilidade para ela. Facilitando o processo de aprendizagem, transformando-o em algo mais prazeroso, apesar de toda a dificuldade presente com a síndrome.

Esse trabalho em conjunto, se bem executado, proporciona melhores resultados. O saber específico de cada profissional contribui para que as dificuldades sejam solucionadas. No entanto, a responsabilidade não pode ser diretamente voltada para apenas um profissional, é preciso haver uma divisão. E, acima de tudo, é importante organizar e cuidar das relações de aprendizagem para que um ambiente favorável seja gerado para o desenvolvimento do aluno.

Outro ponto a ser relatado é a necessidade de uma conversa com os pais, saber como a família convive, como é seu cotidiano e como é o tratamento dispensado para com o aluno. Mas é imprescindível não "sufocar" a criança com todo um "extra" cuidado. Por isso, a necessidade do aluno em se sentir parte do grupo, saber que ele tem importância e que todos precisam um do outro, harmonizando a convivência em sociedade, trabalhando com as diferenças, individualidades e conflitos.

Outro ponto a ser relatado é a necessidade de uma conversa com os pais, saber como a família convive, como é seu cotidiano e como é o tratamento dispensado para com o aluno. Mas é imprescindível não "sufocar" a criança com todo um "extra" cuidado. Por isso, a necessidade do aluno em se sentir parte do grupo, saber que ele tem importância e que todos precisam um do outro, harmonizando a convivência em sociedade, trabalhando com as diferenças, individualidades e conflitos.

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Psicóloga Sue Ellen 

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